O QUE (QUASE) NÃO SE VÊ: OLHARES DE INFÂNCIAS NA NATUREZA

Postado por Coordenação FIAR em 16/maio/2023 - Sem Comentários

NIMRICHTER, Ana Clara. O que (quase) não se vê: olhares de infâncias na natureza. 2020. 142 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.

RESUMO:

Onde está a natureza em nossa vida cotidiana? E na vida das crianças? Como as crianças experienciam a natureza? Como seus corpos reverberam ao sentir suas texturas, a descobrir suas infinitas camadas de sentido? Como vivem a relação com os elementos da natureza – folhas, terra, águas, plantas, pedras, estrelas, tudo o que há ao nosso redor? Estas intrigas impulsionaram-me à pesquisa, desejando investigar as relações e as percepções das crianças com e sobre a natureza. Observar como interagem com as áreas verdes disponíveis na instituição que frequentam; capturar seus olhares sobre a natureza revelados em fotografias produzidas por elas no processo de pesquisa; ouvi-las acerca das experiências em ambientes naturais e sobre suas produções fotográficas e, por fim, produzir com as crianças um Diário da Natureza, foram os objetivos traçados que sustentaram a travessia da pesquisa. Para desenvolver os objetivos propostos, contei com a colaboração de cinco crianças, com idades entre os quatro e cinco anos, que frequentavam uma unidade de educação infantil pública federal na cidade de Niterói/RJ. A metodologia fundou-se na pesquisa-intervenção (JOBIM E SOUZA, 2006) e na teoria dialógica (GERALDI, 2012), trazendo atenção às especificidades da pesquisa com crianças (PEREIRA, 2015) e à utilização de fotografias como dispositivo de geração de dados (FRANGELLA, MOTTA, 2013). Observei os tempos em que as crianças estavam nas áreas verdes, disponíveis na instituição, buscando capturar olhares, movimentos, gestos, expressões infantis na natureza, ou seja, perceber formas de interação das crianças com os espaços e os elementos que compunham tais áreas. Fotografias, realizadas com e pelas crianças, as notas de campo e a criação de um Diário da Natureza – um portfólio pessoal, onde os registros fotográficos ganharam vida, na composição com desenhos, pinturas e colagens de elementos naturais – constituíram o conjunto de dados. Além dos conceitos trazidos por pesquisadores que discutem as relações entre infâncias e mundo natural (LOUV, 2016; PIORSKI, 2016,2018; TIRIBA, 2018), a pesquisa buscou inspiração nas infâncias dos povos e comunidades tradicionais indígenas e quilombolas e dialogou com teóricos que propõem uma visão integrada e orgânica do ser humano com o planeta. (BENITES, 2015; KRENAK, 2019; SANTOS, 2016; MARTINS, 2015). A análise do material reunido revelou uma visão de natureza bastante ampla, marcada por um olhar infantil que duvida do óbvio, imagina mundos, ilumina frestas, fiapos e pequenas nuances de luz e sombra. Ao lhes ser proposto que fotografassem a natureza, as crianças não procuraram evidências, mas enxergaram e criaram magia em seus cotidianos, buscando, ao fotografar, enquadrar seus lugares de intimidade e a cumplicidade de rostos queridos: os amigos, os brinquedos, os cantinhos, os espaços afetivos que marcam a memória do corpo e do coração. Fugindo de uma lógica adulta e linear, mostraram o que (quase) não se vê: a natureza está em qualquer lugar – em pessoas, em coisas, em plantas, no que for. Os meninos e a menina participantes da pesquisa mostraram que, na prática, ainda há crianças que se aventuram na natureza e nela encontram o prazer de brincar.

PALAVRAS-CHAVE: infância e natureza; Diário da Natureza; pesquisa com crianças; fotografia, brincadeira; imaginação; experiência estética.

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