NA PROFUSÃO DE GESTOS, OS CORPOS FALAM DE MODOS DE SER E DE SE RELACIONAR NA CRECHE

Postado por Coordenação FIAR em 23/out/2020 - Sem Comentários

BOMFIM, Patrícia Vieira. Na profusão de gestos, os corpos falam de modos de ser e de se relacionar na creche. 2020. 245 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.

RESUMO:

A relação corporal entre adultos e bebês no berçário é o foco desta tese, que teve como objetivo geral identificar e analisar as narrativas sobre/com o corpo tecidas nas relações entre professoras e bebês no cotidiano de uma creche. Referenciado, sobretudo, na Psicologia/Filosofia walloniana e na Antropologia/Sociologia/Psicologia lebretoniana, o corpo é compreendido como materialidade viva, que pensa, sente, age e interage; produtor de sentidos, atua de forma ativa nos contextos culturais e sociais nos quais transita. Os dados, advindos da observação de um grupo de 14 bebês com suas quatro professoras, foram gerados por meio de registros escritos e fotográficos, focando diferentes momentos da rotina em um berçário de uma creche pública municipal do interior mineiro. A produção fotográfica, compartilhada e apreciada pelas docentes em encontros com a pesquisadora, serviu para mobilizar olhares sobre o corpo e impulsionar as narrativas. Além do conteúdo narrativo produzido, o diálogo mediado pelas fotografias evidenciou um grande interesse das docentes em compartilhar o vivido, falando de suas intenções e desejos (realizados ou não). O material foi sistematizado em três grandes eixos analíticos, a saber: “Os corpos nos entremeios de tintas e coreografias coordenadas”, “Nos gestos do corpo: as emoções” e “Corpo, natureza e cultura”, compostos cada qual por Episódios que apresentam, além das imagens, narrativas da pesquisadora e das docentes colocadas em diálogo. A análise aponta para múltiplos aspectos, dentre eles: 1) nas narrativas corporais tecidas entre professoras e bebês, foi possível identificar uma profusão de gestos, que revelaram relações ora aproximadas, ora distanciadas, tanto dentro quanto fora da sala de referência. O olhar atento e acolhedor das professoras aos gestos, às fisionomias, às expressões e aos movimentos dos bebês foi determinante para as relações aproximadas e interações positivas; 2) observar e fotografar os corpos em relação na creche possibilitam ampliar ideias sobre o desenvolvimento humano em uma perspectiva fundada na cultura e nas potencialidades da criança e menos no processo linear e cronológico do tempo imposto pela rotina; 3) intimamente imbricadas nas práticas das professoras com os bebês, as ações de educar e cuidar mostraram-se ainda pautadas em uma polarização arraigada no contexto investigado; o enfrentamento de tal polarização passa, também, pelo reconhecimento e pela qualificação dos inúmeros gestos docentes, que exigem corpos disponíveis, empáticos e com vigor físico para articular, diariamente, a indissociabilidade dos objetivos educar e cuidar; 4) os estudos de Henri Wallon permanecem relevantes para as pesquisas com/no cotidiano das creches e pré-escolas, sobretudo pelo conceito de psicogênese da pessoa concreta que desenvolve e pelo enfoque que dá à afetividade nos primeiros anos de vida; 5) o acesso às materialidades, advindas da natureza e da cultura, ampliam os repertórios sensoriais e lúdicos como, também, aproximam os corpos; e, por fim, 6) mobilizar o olhar das professoras pelas imagens das suas próprias práticas provocou indícios de reflexividade sobre temas como: corpo, potencialidades das crianças e atuação docente na Educação Infantil, revelando uma estratégia metodológica possível e fecunda para a formação continuada de educadores.

Palavras-chave: Corpos, Creche, Professoras, Bebês, Formação Continuada

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